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Nick cave, numa das suas newsletters chamadas "The Red Hand Files" (Os Ficheiros da Mão Vermelha), brilhantemente juntou uma coleção de pensamentos que resumem como devemos encarar a Inteligência Artificial no contexto de criação de arte. Um fã de Nick Cave perguntou se a IA alguma vez vais ser capaz de escrever uma boa canção. Nick respondeu: "A IA teria a capacidade de escrever uma boa canção, mas não uma grande canção. Falta-lhe a coragem."
Com isso em mente, fomos a Košice na Eslováquia para a Art & Tech Days, um festival anual de artes media, tecnologia e cultura digital. Colecionámos pensamentos em inteligência artificial, dando voz à designers digitais, empresários, diretores criativos, neurologistas e artistas, entre outros e ouvimos as suas opiniões em como as nossas vidas vão ser afetadas pela Inteligência Artificial.
Durante o Art & Tech Days falamos com Filip Ruisl, Gene Kogan, Merav Oren, Karol Piekarski, Michal Hladký, Katarina Živanović, Jamie Lee, Martin Jan Stránský, Adi Zamir e Ofer Smilansky e dividimos os seus pensamentos em cinco tópicos: revolução, movimento, desumanização, união e futuro.
A nossa revolução
Filip Ruisl [SK/HU], um designer digital que se dedica à interação, experiência, design visual e sonoro, afirma que quando alguém desenvolve software, hardware ou sistemas no contexto da Inteligência Artificial, tem algum tipo de responsabilidade e precisa de estar atento ao tipo de abordagem ou valores que está a transmitir.
As máquinas podem pensar?
Como Gene Kogan explica "depende do que a tua conceção de pensar é." Gene é um artista e programador interessado em sistemas generativos, ciência da computação, e software para criatividade e autoexpressão. Gene é o fundador de ml4a, um livro gratuito para popularizar a aprendizagem automática entre o público em geral.
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Pensar é algo que envolve o processamento de informação? Então, está bem, a máquina pode pensar. Pensar é algo que é exclusivo das pessoas? Define-o como aquilo que as pessoas fazem para processar informação? Então, as máquinas não podem pensar.
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Gene Kogan
Merav Oren [IL], uma empresária e fundadora do WMN, contou-nos a história de uma pintura de um estúdio em França (Obvious), feita por Inteligência Artificial que foi vendida por quase meio milhão de dólares. "É algo que há 4 anos atrás nunca poderia acontecer. E todos os locais de leilão tradicionais, como Sotheby's, Christie's e muitos mais, percebem hoje que precisam da tecnologia para continuarem a ser relevantes" - diz Merav
“
Existe uma tecnologia que é acessível e existem mentes criativas que podem trabalhar com essa tecnologia, por isso não precisamos de todos esses 30 anos de desenvolvimento, podemos simplesmente saltá-los ou trazer algo que signifique inovação numa perspetiva global e não apenas local.
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Michal Hladký [SK], Diretor da Indústria Criativa de Košice
Os dados podem ser processados para ajudar as pessoas “normais”. Karol Piekarski [PL], diretor de programas do Medialab Katowice, dá um exemplo: ter uma ferramenta que nos permita saber mais sobre o ambiente à volta da nossa nova casa, como as instalações existentes ou a distância da estação de autocarros mais próxima, é útil para os cidadãos comuns.
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Quando olhamos para o campo da cultura contemporânea, parece-nos que o campo da arte dos novos media traz os conceitos mais valiosos de como as comunidades do futuro podem ser organizadas, e foi por isso que decidimos olhar para a Nova Europa através dos olhos da arte, da tecnologia e da ciência.
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Katarina Živanović [SK], diretora-geral da Tabačka Kulturfabrik
O nosso movimento
Como é que a dinâmica do movimento pode criar som e luz?
Jamie Lee [AU], diretora criativa e bailarina, explica como cria histórias através do corpo. “Começámos a tirar o som da minha respiração para criar luz e movimento também”. Ela vê a luz, o som e o movimento como um triângulo. Jamie diz que muitas vezes a tecnologia apoia a dança, mas não trabalham em conjunto nem colaboram. Neste caso, no entanto, neste triângulo, a dança e a tecnologia ligam-se tão bem que uma não pode existir sem a outra.
A nossa desumanização
Martin Stránský [CZ], neurologista, reflete sobre a nossa desumanização através da Inteligência Artificial ou da tecnologia e destaca a importância da felicidade. “A inteligência artificial ou tecnologia é atualmente uma faca de dois gumes, porque tudo o que precisamos já inventámos”. - defende. Martin recorre a experiências e estudos para afirmar que somos menos felizes do que as gerações anteriores e que a tecnologia, como os telemóveis mais recentes ou os carros autónomos, não aumenta a nossa felicidade.
A nossa união
A Inteligência Artificial pode realmente tornar as nossas vidas muito mais fáceis, na medida em que as máquinas podem aprender mais rapidamente do que os humanos. Como explica Merav, “o que a IA fará no final do dia, em cada um dos aspetos, é encurtar a distância entre o que quero fazer agora e como o posso fazer no futuro”.
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Apesar de vermos a maquinaria e a IA a ocupar um lugar de destaque nas nossas vidas, no final, se algo não estiver bem, ou se tivermos de falar com um doente (...) não será uma máquina, será um médico, um humano. Penso que uma das caraterísticas únicas da maquinaria de IA (aprendizagem automática) no domínio da medicina é o facto de ainda haver lugar para o ser humano.
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Adi Zamir [IL], empresário , Fundador da Pink of View.
O nosso futuro
Filip Ruisl falou das leis de Kranzberg relativas à tecnologia. Como diz, as pessoas nunca serão capazes de controlar por completo os efeitos da tecnologia. Então, tal como as leis de Kranzberg defendem, "Tecnologia nem é boa nem má; também não é neutra." Mas não há razão para ter medo disso. Karol Piekarski acredita que, apesar de algumas pessoas estarem preocupadas com o facto de, com as melhorias tecnológicas e a sobrecarga de informação, a nossa cultura acabar por morrer, afirma que esses momentos de medo já aconteceram antes e, no entanto, a nossa cultura sobreviveu-lhes e talvez até se tenha superado a si própria. Karol diz "podemos utilizar os novos meios de comunicação e a IA para criar melhor arte, melhor cultura, e podemos também fazer algo de bom para a sociedade. Não precisamos de ter medo."
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Penso que a IA pode levar-nos a um ponto em que nos podemos realmente integrar com a máquina e aprender com ela tanto quanto ela aprende connosco e, através disso, elevar a nossa sociedade.
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Ofer Smilansky [IL], artista audiovisual
Thoughts on Artificial Intelligence reflete sobre como é viver com a tecnologia e a inteligência artificial nos dias de hoje e como será no futuro. Uma conversa com dez oradores e artistas no Art & Tech Days levanta muitas questões relacionadas com o tema. As máquinas conseguem pensar? A tecnologia torna-nos mais felizes? Estamos a tornar-nos desumanizados? Como será o nosso futuro com a Inteligência Artificial a fazer parte do nosso quotidiano?
Este é o segundo capítulo da nossa coleção de filmes intitulada “Thoughts on”, onde damos uma plataforma a artistas e investigadores independentes para expressarem as suas ideias sobre temas específicos. Lê o nosso artigo sobre “Thoughts on Collectivism” aqui.
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