SHARE
link copiado
SHARE
link copiado
Ver série
No Canal180 criámos espaços nas nossas plataformas para dar a artistas independentes, músicos, investigadores e pessoas da sala do mundo artístico para expressar os seus pensamentos e opiniões, normalmente sobre tópicos específicos, desde o Coletivismo à Inteligência Artificial ou o Futuro da Internet. Desta vez, viajámos até à Alta-Áustria para o Festival der Regionen (Festival das Regiões) em julho, para explorar o tema Aquecimento Social e recolher uma série de ideias sobre o assunto. Lá, falamos com artistas com projetos no festival sobre os seus pensamentos no tema.
Airan Berg
Diretor Artístico do Festival der Regionen
Elisa Andessner
Artista Visual
Conny Zenk
Artista Multimédia
Alessia Rollo
Artista Visual
Josseline Engeler
Artista e professora na Universidade de Arte e Design de Linz
Airan Berg, Elissa Andessner, Connie Zenk, Alessia Rolo e Josseline Engeler, falaram-nos sobre as diferentes perspetivas a partir das quais exploram o Aquecimento Social. Ouvimos as suas experiências sobre o papel que os projetos participativos podem ter na imaginação de um futuro melhor, como a arte pode permitir que as pessoas sintam mais empatia do que as notícias, como as histórias locais podem ser utilizadas como ponto de partida para alargar as conversas, como a alimentação tem um impacto social e ecológico, como a consideração da crise climática é vital para pensar no tipo de futuro que todos podemos ter e como a arte pública pode fazer as pessoas pensarem em todas estas coisas.
Decidimos apresentar esta coleção de pensamentos em cinco tópicos: Criar Conversas, Política na Arte, Fronteiras, Comer, o Futuro e Projetos Colaborativos.
Airan conta-nos em como criar a um termo também podemos começar e controlar a conversa, o diálogo, o discurso sobre isso
Airan Berg é o diretor artístico fo Festival Der Regionen. Ele fala-nos da razão de criar o termo Aquecimento Social, um antídoto para a Frieza Social mais frequentemente mencionada em conversas sobre políticas ou austeridade. Defende que a criar termos também controlamos os discursos que se seguem. Através de projetos participatórios, artistas e participantes podem criar uma plataforma onde, em vez de apresentar respostas, as pessoas podem perguntar e pensar sobre questões juntos.
“
A ideia do aquecimento social é criar uma plataforma, onde artistas e cidadãos pensam em conjunto sobre o que é o aquecimento social, em que tipo de sociedade queremos viver, que tipo de relações queremos ter com as pessoas que vivem no mesmo contexto, o que é uma sociedade, como se parece uma sociedade se não tiver aquecimento social. Também pode ser distópico, por isso não viemos aqui com respostas, viemos aqui com muitas perguntas.
”
- Airan Berg
Elisa discute a importância do aquecimento social ao criar arte política, na qual ela acredita que as pessoas possam sentir mais empatia com um assunto do que através de notícias que as pessoas lêem ou vÊem todos os dias
Com formação em performance, passou mais tarde para a fotografia. Elisa Andessner conta-nos como a sua experiência de residência em Teerão mudou a sua perspetiva sobre a vida no Ocidente, o que se refletiu numa mudança na sua arte, que começou a fazer um trabalho mais político. O trabalho que apresenta no Festival das Regiões surgiu das conversas - começou a recolher histórias de mulheres em Teerão, que traz para a Áustria para contrastar com histórias de mulheres na Europa
“
Através da arte é possível fazer uma abordagem mais pessoal, as notícias são sempre um pouco mais distantes e a arte permite-nos estabelecer uma ligação mais forte e mostrar mais a parte humana dos diferentes temas, e não tanto a parte informativa. É possível criar mais compreensão do que se tivéssemos toda a informação agora, mas não sentíssemos nada.
”
- Elisa Andessner
Conny Zenk is one of the artists behind a performance that uses the landscape and the regional tradition of the ratchet, the local history of borders and population displacement to explore conversations about borders on a European and global level
A performance durante o Festival de Regiões consistiu num passeio de bicicleta por uma paisagem que tem a sua própria história. Conny contou-nos que, na terra onde o espetáculo tem lugar, foi construído uma barragem em 2012. Esta barragem funciona agora como uma fronteira entre a água e a terra, protegendo as pessoas. Mas depois de ter sido construída, muitas pessoas tiveram de se mudar, deixando as suas casas, que foram demolidas e reconstruídas do outro lado da barragem. Durante o espetáculo, a comunidade foi convidada a andar de bicicleta ao longo desta fronteira e a partilhar as suas histórias sobre as experiências que viveram ali.
“
No âmbito deste projeto europeu, queremos abrir o diálogo para pensar para além das fronteiras e também para questionar o que significa sair de casa e migrar para outro lugar.
”
- Conny Zenk
Alessia Rollo, consciente dos aspetos sociais e ecológicos da alimentação, decidiu que, enquanto artista, era importante para ela sensibilizar para as questões relacionadas com a alimentação
Através do seu trabalho, ela quis tornar evidente que comer é mais do que uma necessidade de sobrevivência - é uma atividade social que é fundamental para unir as comunidades, mas também algo com um forte impacto ecológico. A poluição, as embalagens e os resíduos são todos impactos da produção alimentar de que as pessoas nem sempre estão conscientes.
“
Como artista, era importante para mim chamar a atenção para o facto de a cadeia alimentar estar a mudar, mas isso também tinha muitas consequências nas nossas relações, porque muitas pessoas agora comem sozinhas e perdemos o valor da partilha de alimentos. Mas isto tem um grande impacto ecológico, pois todos os alimentos são embalados e há muito desperdício para além desta produção.
”
- Alessia Rollo
Josseline instalou uma nave espacial num espaço público para iniciar uma conversa sobre os possíveis futuros da vida humana
Se, devido à crise climática, a vida no planeta mudar drasticamente, quais são as nossas soluções? Iremos sobreviver? Teremos de fugir? Na era digital, em que as pessoas nem sempre têm tempo para digerir as coisas, a arte pública vai ao encontro das pessoas onde elas não esperam, incentivando-as a refletir sobre questões em que normalmente não pensam.
“
Há uma grande falta de aquecimento social, penso que tudo está a ir na direção da tecnologia, do dinheiro. É um mundo muito rápido, é um mundo muito instantâneo aquele em que estamos e isto está a ficar cada vez mais rápido e as pessoas não têm tempo para digerir as coisas.
”
- Josseline Engeler
O que podemos esperar alcançar através de projetos participativos? As pessoas podem sentir mais empatia com a arte do que com as notícias? Como é que a história local pode ser utilizada como plataforma para conversas mais alargadas? Quais são os impactos das mudanças nas cadeias alimentares? Porquê arte pública? O festival criou o espaço para o debate e Airan, Elissa, Connie, Alessia e Josseline colocaram as suas questões.
Este é o quarto capítulo da nossa coleção de filmes intitulada “Pensamentos sobre”, em que damos a artistas e investigadores independentes uma plataforma para exprimirem as suas ideias sobre temas específicos. Lê os artigos anteriores desta série: Pensamentos sobre o Coletivismo, Pensamentos sobre a Inteligência Artificial e Pensamentos sobre o(s) Futuro(s) da(s) Internet(s).
in collaboration with
